tag:blogger.com,1999:blog-10071747159633814452024-03-19T08:08:35.626-03:00O gabinete do dr. LuccheseBlog de Alexandre LuccheseAlexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.comBlogger24125tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-56209873869884379462012-12-07T13:30:00.001-02:002012-12-07T13:30:30.349-02:00Pingue-pongue com o abismo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTTCSzgWALBzth7mhrDLZbaf7eJkonzPCAyjYNbzPaplvLEuSz3iB8HshivNg2V1IosFZXTL_Qw2inT94KNHIHM-wUwcoCJqAjMCGZGW0bc9DjUdzdI2DLmAF9QLdky3d1y8A5rs5TkUDU/s1600/alteredbeast_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTTCSzgWALBzth7mhrDLZbaf7eJkonzPCAyjYNbzPaplvLEuSz3iB8HshivNg2V1IosFZXTL_Qw2inT94KNHIHM-wUwcoCJqAjMCGZGW0bc9DjUdzdI2DLmAF9QLdky3d1y8A5rs5TkUDU/s400/alteredbeast_500.jpg" width="352" /></a></div>
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Jogar pingue-pongue com o abismo pode parecer algo absurdo (mesmo porque é algo absurdo). No entanto, a maioria dos adotivos com os quais venho falando faz isso há décadas. Às vezes vidas inteiras – e é nesse time que me incluo.</div>
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Ando conversando com uma menina do norte do país, que vem buscando sua mãe biológica há alguns anos. Apesar de nossa conversa se restringir a mensagens de chat, percebi que ficou bastante feliz em me encontrar. Dividiu logo várias angústias e contou sua história com uma coragem que eu não teria. Ironicamente, as pessoas ao redor dela pouco ou nada sabem de tudo isso, e até mesmo o marido não acompanha seus passos, já que para ele o assunto parece apenas um pequeno capricho.</div>
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É um comportamento que se repete ao longo dos anos. A maioria dos casos que encontro são de pessoas que não conhecem seus pais biológicos, ou seja, pessoas que não têm para quem perguntar “fui abandonado por desleixo ou encaminhado por amor para uma vida melhor?”, “que circunstâncias fizeram com que eu não pudesse ficar com minha família de origem?” e “por que ao menos não me procuram para saber se estou bem?”.</div>
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Por medo de magoar ou pais adotivos ou parecer ingrato, muitos não dirigem essas perguntas a eles também, e o novelo vai se enredando. As perguntas vão e não voltam. Os saques partem para lugar nenhum e, como resposta, você mal ouve a bolinha quicar num vale profundo.</div>
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O fato de podermos nos encontrar através de comunidades e da internet tem sido fundamental para deixarmos de brincar com o abismo, e agora encontrar compreensão e amizade como resposta. Comunidades em mídias sociais e fóruns espalhados pela internet estão acessíveis em qualquer computado com acesso a rede. Vai deixar de abrir essa caixa de Pandora?</div>
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Termino essa postagem no meu horário de almoço do trabalho, bem longe daquele noite quente em que pregava os fones nos ouvidos para escrever. E – maravilha! – começa a chover para amainar o calor portoalegrense. Tudo isso me lembra que as coisas tem um ciclo, e que fazemos parte dele. Espero poder voltar com mais frequência aqui para contar mais do que venho conhecendo e descobrindo nessa vida.</div>
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Na medida em que os sinais começam a ganhar forma, o desenho dos passos denuncia um mapa da cidade que amanhece, e o labirinto se dissolve nos grãos de areia de um antigo deserto. Arranquei os pregos da cruz e em cada esquina há alguém querendo comprá-los. Transformar um torrão de ferrugem em ouro pode não ser tão complicado quanto parece, se você souber falar as palavras certas – e não queira guardá-las para si.</div>
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<i>Ilustração de <a href="http://fgummo.blogspot.com.br/" target="_blank">Fabiano Gummo</a></i></div>
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Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-79084174287644058902012-10-31T10:46:00.001-02:002012-10-31T10:46:34.773-02:00Como me sinto por ser adotiva...<i>Não sou psicologa, psiquiatra, religiosa fanática ou jornalista, mas essa dor eu conheço: c</i><i>omo filha adotiva, tenho o conhecimento provocado pela dor do abandono, justamente na prática. </i><i> Só posso falar por mim, embora acredite que esse sentimento seja comum em filhos adotivos.</i><br />
<div>
<i><br /></i></div>
<i>Infelizmente, a imprensa sempre (esse é meu entendimento) expõe o lado fantasioso da adoção, aqueles pais perfeitos, com maturidade suficiente, formação profissional, casamento duradouro, estabilidade financeira ( jamais falam da impossibilidade deste casal ter seus próprios filhos biológicos e dos conflitos emocionais que podem ser gerados por isso, embora eu saiba que existem casais com filhos biológicos que adotam). Muitas vezes esse casal passou por inúmeras tentativas de tratamentos, do luto do filho esperado (boa parte dos casais que adotam sonham com o filho biológico, é necessário viver o luto desse filho, para que assim possam receber o filho adotivo sem expectativas impossíveis). </i><br />
<i><br /></i>
<i>É também necessário aceitar que aquela criança tem uma mãe biológica, um pai biológico e uma historia, uma origem,<b> negar essa origem é como negar a própria vida</b>. Sempre digo, <b>se existe adoção, é porque houve um abandono, uma ruptura</b>... E do outro lado temos a mãe biológica, que pela maioria das pessoas é vista como a mãe desnaturada, que não tem amor, que só serve para parir... Mas as pessoas esquecem do principal: da criança que foi abandonada (jogada em calçada, lixo, deixada na porta, na rua) ou entregue a adoção (onde há um cuidado por parte da mãe biológica com a segurança daquela criança).</i><br />
<br />
<i>O filho adotivo geralmente passa por diversas fases em sua vida. Eu, por exemplo, desde pequena sempre tive a certeza de que faltava algo, alguém em minha vida, lembro que aos 4 anos de idade, deitada na cama com minha mãe adotiva, eu a abraçava e ficava olhando sua barriga e seu peito, ali mesmo, eu tinha certeza de que jamais estive ali dentro, em seu útero, e que nunca havia sido amamentada, bastava olhar, era como se um anjo me dissesse... Eu sempre perguntava sobre parto, sobre meu nascimento (e olha que sou parecida com meu pai adotivo, fisicamente). <b>É difícil explicar essa sensação, apenas filhos adotivos compreendem - é como pedir para uma mulher imaginar a dor de um parto</b>. É uma dor em que não existem palavras para descrever, essa é a dor do abandono. Mas, como disse, tudo isso tem fases... Na adolescência eu já estava bem mais desconfiada de que era adotada (nunca tive dúvidas), foi a época em que me questionava o que levava uma mãe a abandonar a própria filha. <b>Cheguei a sentir raiva, não é bom ser abandonada, ninguém quer passar por isso, mas ai o tempo passou e muita coisa mudou.</b></i><br />
<br />
<i>Levei 26 anos para perdoar minha mãe biológica, hoje sou mãe e compreendo a dificuldade em criar um filho. <b>A dor não passa, mas a gente aprende a conviver com ela e a transformá-la em coisas boas, positivas</b>. Procuro minha mãe biológica e já fui muito criticada isso. Não ligo: vou continuar minha busca. Quem não tem passado, não vive o presente, e quem não tem presente, não projeta o futuro. Eu me sinto como alguém que não passou pelo parto, eu não nasci, é como se o abandono tivesse deixado em mim o sentimento de uma brusca ruptura. Alguém escolheu por mim, algo que jamais escolheria. Encontrá-la é refazer esse caminho, só que dessa vez de uma forma diferente, onde eu possa escolher o final dessa historia.</i><br />
<br />
(*) O relato acima é da leitora <b>Clarisia Laiana Tavares</b>, que passou por uma adoção "à brasileira", ou seja, uma adoção ilegal, o que gera enormes dificuldades para resgatar seu passado. Se você pode ajudá-la nessa busca, entre em contato <a href="https://www.facebook.com/laiana.silva.39?fref=ts" target="_blank">clicando aqui</a>.<br />
<br />
(**) Inúmeros agradecimentos por seu relato, Clarisia. Se você, leitor, também tem um relato pra compartilhar, deixe um comentário ou entre em contato pelo alexandrelucchese@gmail.com.<br />
<br />
(***) Como você já deve ter percebido, as postagens está mais escassas na última semana. Peço desculpas pela interrupção, e aviso que elas voltarão com mais força a partir do dia 11 de novembro, por questões profissionais. Agradeço imensamente a compreensão e volto sempre que possível antes desta data.<br />
<br />
Forte abraço e até a próxima!Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-59836215401817707882012-10-22T19:59:00.000-02:002012-10-22T19:59:31.534-02:00Conversa de adotivo: Ricardo Fischer, do “Filhos Adotivos do Brasil” <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-LoXJDQ828n4/T2BxMH-1-PI/AAAAAAAALZI/NdWPdZBNWZQ/s320/Fischer.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-LoXJDQ828n4/T2BxMH-1-PI/AAAAAAAALZI/NdWPdZBNWZQ/s320/Fischer.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Filho adotivo, <b>José Ricardo Fischer</b> buscou sua mãe por mais
de 20 anos até encontrá-la. A busca pode ter sido demorada, mas era apenas o início
de um algo muito maior: a partir de então, ele tem dedicado sua vida a promover
encontros de adotados com suas próprias histórias e passado. É claro que foi entrevistá-lo, como parte da pesquisa para <a href="http://alexandrelucchese.blogspot.com.br/2012/10/o-gabinete-dos-adotivos.html" target="_blank">livro que estou preparando sobre tema</a> - e compartilho com você os destaques desse bate-papo. </div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mesmo ganhando a vida com trabalho em vendas, Ricardo Fischer, que
hoje tem 46 anos, é o responsável pela <a href="http://www.filhosadotivosdobrasil.com/" target="_blank">Associação Filhos Adotivos do Brasil</a>,
uma entidade que, entre outras funções, destaca-se por realizar buscas de
filhos adotivos com seus pais e outros parentes biológicos. A associação já
promoveu 428 encontros desde sua criação, em 2007. Carente de recursos, a
entidade trabalha com mais seis voluntários. “No último ano, fizemos apenas 36
encontros, pois muitas vezes acabo bancando algumas despesas com meu próprio
orçamento pessoal. Alguns casos se resolvem com um simples telefonema, outros enfrentam
burocracias custosas, que andariam muito devagar se dependêssemos somente do recurso
público”, explica Fischer. Atualmente, há mais de 2.500 filhos adotivos
cadastrados na fila de buscas.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.filhosadotivosdobrasil.com/" target="_blank"><img border="0" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5IrXdZJLF_aUqFXg_LKIfF3UpWu-YECoBZIR_LMTgFUA-UyUyAoSHW2JiatrgPlsEBBEEEPcGbmf58hmbzRtd3qWvb9DpdBVqc1xF1EDBL_La1lxRxadwezgOUcAEyBOzXC6ZTm-ZkDY/s400/filhos_adotivos_do_br.jpg" width="400" /></a></div>
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<br /></div>
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<b>Mães que abandonam</b></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Encontro Ricardo Fischer num café do Mercado Público de
Porto Alegre. Ele tem aquele jeito de falar olhando nos olhos, baixando a
cabeça e mirando no hiato entre os óculos de grau e a sobrancelha. E também
parece ter uma paciência infinita: não se importa em contar a história de sua
própria busca pelos pais biológicos, que já deve ter repetido milhares de
vezes.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Um preconceito muito presente quando falamos disso é sobre
as mães abandonantes, demonizam-se as mães, é preciso ter cuidado com isso”. Sim,
é até difícil de imaginar, ou então lembrar, que há não muito tempo atrás,
cerca de 20 ou 30 anos, a gravidez de uma menina de 16 anos era como uma
condenação à penúria pelo resto da vida. Quando não eram expulsas de casa em
favor da “honra” da família, milhares de brasileiras eram coagidas a fazer
aborto ou então cumprir sua gestação em outra cidade e entregar o bebê para a
adoção.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A mãe de Ricardo Fischer era uma dessas tantas meninas que
teria condições financeiras de criar seu bebê e que, no entanto, acabou
entregando-o para adoção devido às imposições morais. Aliás, no caso de
Ricardo, sua mãe acabou entregando não apenas um, e sim dois filhos para a
adoção. “Só quando encontrei minha mãe biológica descobri que tinha um irmão
gêmeo... é provável que sua adoção tenha sido ilegal, por isso não consigo
encontrá-lo”, ele revela com certo pesar antes de pedirmos mais um café para
estendermos a conversa.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Adoção na imprensa</b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É nesse momento que me sinto à vontade para contar minha
profunda irritação sobre a maneira piegas como tema da adoção é tratado nos
meios de comunicação. “Nem me fala, também fico cansado com essa história de
‘filhinho do coração’, de pintar como se tudo fosse fácil e lindo”. De fato, a
adoção parece ser tratada principalmente cm matérias voltadas a encorajar casais
a adotarem, amenizando a carga sobre as dificuldade e peculiaridades dos
adotados, o que eu faz deste grupo de pessoas se sentirem até mesmo culpados
quando sentem necessidade de buscar suas origens.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há alguns meses, Fischer teve oportunidade de ser
entrevistado pela equipe do canal de televisão mais popular do Brasil. A
entrevista seria exibida num programa de uma ex-animadora de palco infantil. “Fui
entrevistado durante horas e toda minha energia foi no sentido de mostrar o
lado solitário do adotivo, o momento em que se desperta a busca e suas
dificuldades”, ele me revelou – e também não deixou de revelar certo
desapontamento ao ver que nada disso foi ao ar.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Além do temor de que uma abordagem menos eufórica sobre
adoção possa afugentar casais que queiram adotar, nossa conversa chegou em
outro ponto que explicaria tais abordagens: a dificuldade do adotivo expressa
seu sentimento em relação a sua condição. “É uma sensação muito difícil de
explicar para quem não viveu essa experiência.”, diz Fischer num suspiro.
Talvez seja até mesmo impossível. Mas vamos morrer tentando. </div>
Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-13241993817380787172012-10-15T16:47:00.000-03:002012-10-15T18:38:27.081-03:00Sobre crianças roubadas, noivos adotivos e essa tal realidade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj80j4Ou9Bx_gqoD60vN2l1zU1-zuXcOStC4dLVICfjdAjId5sAP5gtGRBAxA3OcERsBV8yqsXZoDJ7WNZUt1Ari9ZeVuYApKCKXWZ4ezdn0mHqfUb5l_XHWXrafcZ8kIHSjmDWa3tvSXM/s1600/fantastico.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="305" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj80j4Ou9Bx_gqoD60vN2l1zU1-zuXcOStC4dLVICfjdAjId5sAP5gtGRBAxA3OcERsBV8yqsXZoDJ7WNZUt1Ari9ZeVuYApKCKXWZ4ezdn0mHqfUb5l_XHWXrafcZ8kIHSjmDWa3tvSXM/s320/fantastico.jpg" width="320" /></a></div>
No Fantástico de ontem, <a href="http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1681887-15605,00-FAMILIA+POBRE+TEM+FILHOS+TIRADOS+DE+CASA+E+ENTREGUES+PARA+ADOCAO.html" target="_blank">um caso</a> mexeu com o coração de milhões
de brasileiros: uma mãe teve seus filhos roubados de maneira impiedosa por um
grupo de policiais para serem doados em adoção. Os meninos não sofriam quaisquer tipo de violência ou negligência. Parecem
ser vítimas de uma quadrilha que arranca filhos de seus pais para fins odiosos
até mesmo de se imaginar.
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A matéria é comovente e extremamente constrangedora para qualquer
brasileiro. Chama a atenção o fato de se tratar de uma “quadrilha” e de que isso vem acontecendo de maneira
continuada. Fico aqui me questionando se o Fantástico iria exibir tal matéria –
ou por que não a executou antes – se a próxima novela da Globo não fosse tratar
do roubo e tráfico de crianças. Pode ser uma maneira de mostrar à audiência que
<i>Salve Jorge</i> é socialmente relevante e
atual. Pode ser que não e eu esteja simplesmente paranóico. Não importa. O debate
está se tornando público, é o que vale; agora, vamos combinar que poderíamos ter
nos responsabilizado há muito tempo a esse respeito, sem precisar aguardar a
benevolência da Glória Perez.</div>
<div class="MsoNormal">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://cdn.eurweb.com/wp-content/uploads/2012/10/bobbi-kristina-and-nick-gordon1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="226" src="http://cdn.eurweb.com/wp-content/uploads/2012/10/bobbi-kristina-and-nick-gordon1.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A filha de Whitney Houston, que já está acostumada a ser
<a href="http://crushable.com/entertainment/bobbi-kristina-brown-responds-to-alleged-cocaine-pic/" target="_blank">foco de polêmica</a>, se declarou publicamente <a href="http://caras.uol.com.br/canal/internacionais/post/filha-de-whitney-houston-bobbi-kristina-confirma-noivado-com-irmao-adotivo-nick-gordon#image0" target="_blank">noiva de seu irmão adotivo</a> nesta
semana. Nick Gordon foi adotado informalmente pela cantora quando tinha 12 anos. Dez
anos se passaram até que a relação entre irmãos se transformou em caso de amor.
Toda forma de amor vale a pena?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A notícia veio à tona agora que a família Houston está
esperando para estrear um <i>reality show </i>com
seus dramas e delírios diários. O noivado foi revelado por Bobby Kristina, a
filha de Whitney, durante um dos trailers do programa. E ainda não ficou claro para todo mundo
se Gordon não é mesmo irmão biológico de Bobby, já que se suspeita que o pai da
menina tenha vivido um relacionamento passageiro com a mãe do rapaz.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não creio que seria aceitável um <i>reality show </i>com dois irmãos
biológicos planejando casamento. Com irmãos adotivos está sendo. As diferenças
entre o <i>status</i> de filhos adotivos e
biológicos ainda são grandes. Nesse caso, não precisa muito esforço para ver: basta ligar a tevê.</div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Assumir um noivado para promover um <i>reality show</i>. Investigar no telejornal o tema de novela. Não poderia ser diferente para os adotivos: realidade e ficção se fundem nesse mundo pós-<i>web</i>. Quanto de realidade há num <i>reality show </i>e quanto de <i>reality show</i> há na tua realidade? Esta pergunta já não faz mais sentido, está morta. Mas, parando para pensar, entrei aqui para falar sobre adoção e estou fugindo outra vez do tema. Pouco importa (outra vez). Como todo <i>reality show</i>, é justamente quando metem o dedo na ferida que o episódio acaba. Em breve, cenas dos próximos capítulos. </div>
Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-51616310186783586862012-10-08T20:19:00.000-03:002012-10-08T20:19:39.058-03:00Mito: isso de ser adotado não tem importância <br />
<div class="MsoNormal">
Já comecei este primeiro parágrafo algumas dezenas de vezes durante
as últimas três horas, e não está sendo difícil apenas porque o tema a ser tratado é complexo e me toca profundamente. O "problema" é que dar continuidade nas postagens sobre adoção significa... bom,
significa simplesmente dar continuidade em alguma coisa, e pode crer que aí
mora o grande desafio.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Para explicar melhor este início truncado, e já me aproximar
do que quero tratar, conto que passei muitas horas do último ano falando de maneira descabida e alucinada sobre um divã para chegar perto de algo realmente curioso: descobrir que passo grande
parte do meu tempo trabalhando contra mim e dando um jeito de frustrar qualquer
projeto importante ou por mim estimado. É claro que nada disso era assim
consciente e foi bem chato, cansativo, demorado e caro chegar a compreender isso.
E o pior: compreender é só o início do trabalho.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas vou poupar o leitor de tornar esta postagem ainda mais
pessoal. De tudo isso, o que realmente importa é deixar claro que esse
detestável comportamento tem uma estreita relação com o fato de ter sido
adotado. Também é preciso ficar bastante claro que isso não é uma regra que
acontece com todos filhos adotivos, e
poderia até mesmo não ter acontecido assim comigo caso outras circunstâncias
não tivessem se agregado a essa história.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A conclusão que nos inetressa disso é a
seguinte: se o momento presente fosse resultado de uma equação, o fato de ter
sido adotado seria uma variável bastante significativa nesse processo. O quanto
esta variável pode pesar na vida de qualquer adotado é algo relativo, no
entanto, esta variável jamais abdica de sua presença e, sinceramente,
não sei até que ponto ela pode se aproximar de ser nula.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E (finalmente!) abro isso tudo para combater um
mito relativo à adoção que é poucas vezes questionado e está presente em frases
como “essa história de ser adotivo não tem importância nenhuma” ou “adotivo é
apenas um rótulo, que não precisa e nem deve ser citado”. Entendo que este mito
tenha se desenvolvido para proteger as crianças e suas famílias de preconceitos
como “adotado não é filho de verdade” ou que “todo filho adotado será uma
criança-problema”. O problema é que tratando as coisas desse modo, acabamos chegando num outro extremo, igualmente perigoso e
perverso.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É claro que todo filho adotivo merece e é legalmente amparado
para ser tratado como “filho”. Seus laços afetivos com os pais não diferem dos
laços afetivos de crianças criadas por seus pais biológicos. No entanto, não
podemos negar que o adotivo teve uma história diferente, na maioria das vezes,
do restante das crianças de seu convívio. E saber de sua própria história é
importante para a construção de qualquer indivíduo – não seria diferente para
nós.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Assumir essa diferença não é colocar filhos adotivos em
posição de destaque ou de demérito, é simplesmente respeitar sua singularidade.
Repassando alguns artigos acadêmicos a respeito do assunto, descobri que é
relativamente comum o fato de indivíduos adotados na infâncias adentrarem a casa
dos quarenta anos ou mais e só então se permitirem buscar seus
antepassados biológicos. Grande parte destes só fizeram isso depois de seus
pais adotivos morrerem, pois temiam que essa busca pudesse magoá-los. Passaram
a vida inteira tentando acreditar que “isso de ser adotado não tinha importância
nenhuma”, mas felizmente sucumbiram à verdade.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tal preconceito chega ao extremo de algumas mães adotivas se
sentirem alarmadas ao verem colunistas de jornais legendarem fotos com algo
como “tal celebridade foi fotografada com seus filhos adotivos”. Nem sempre
rotular alguém como adotivo é necessariamente negativo, ao contrário, demonstra
como a prática da adoção está presente na vida de pessoas que podem servir como exemplos inspiradores. Obviamente, o jornalista poderia omitir que a peculiaridade
destas filiações, mas creio que temos mais a perder do que a ganhar com isso. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Precisamos fazer uma escolha: ou admitimos que o fato de
sermos criados fora de nossa família biológica é importante e traz
singularidades (para o bem ou para o mal) ou então tratamos isto como algo
irrelevante e nos calamos. Tenho certeza que muitos estão comigo na primeira
opção. </div>
Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-22641151331850688282012-10-04T17:35:00.000-03:002012-10-04T17:39:29.098-03:00O Gabinete dos adotivos<span style="font-family: inherit;">Este post marca o início do que é para é para ser o primeiro livro deste pretensioso e irresponsável blogueiro. Trata-se de uma extensa reportagem sobre ADOÇÃO com influências de gonzo e psicojornalismo que sequer começou a ser escrita. Ou melhor, começou agora mesmo – embora não exatamente. Deixando as coisas um pouco mais claras, este post, bem como as ações seguintes aqui e nas redes sociais (<a href="https://twitter.com/alexandrelucche" target="_blank">twitter</a> e <a href="https://www.facebook.com/alexandrelucchese" target="_blank">facebook</a>), fazem parte desse processo de “escrita”, ou seja, a construção da referida reportagem usa destas ferramentas para compartilhar e criar seu conteúdo.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Pois é. Eu ainda creio que as pessoas podem se entender – entender mesmo, em profundidade, aquele entendimento que supera a antipatia e a discordância, mesmo nos casos em que a antipatia e a discordância sigam existindo. O profundo entendimento pode eventualmente não resolver conflitos, mas gera inevitavelmente algo que julgo fundamental: respeito. É uma idéia romântica, eu sei, mas esse espaço está temporariamente fechado para niilistas.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Falo isso para esclarecer os motivos desta reportagem e por que convido a todos adotivos e simpatizantes a entrarem em contato comigo para conversarem sobre o assunto. Não pensem que não vai sobrar para mim: também sou adotivo e buscarei devassar minha vida nos próximos dias em favor do tema, buscando tratar dos meus mais toscos sentimentos e até mesmo encontrar minha família biológica.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">Portanto, <i>se você é ou conhece algum filho adotivo, entre em contato</i> através das redes (<a href="https://www.facebook.com/alexandrelucchese" target="_blank">facebook</a> e <a href="https://twitter.com/alexandrelucche" target="_blank">twitter</a>) ou do <a href="http://alexandrelucchese.blogspot.com.br/p/sobre.html" target="_blank">email</a>. É claro que vou te tratar com toda a discrição do mundo, sem revelar nomes ou dados – a não ser que você não ligue para isso. Seria lindo se você deixasse um comentário, embora eu saiba que isso não é fácil. E se você é apenas um curioso do assunto, ou um desses adotados bem tímidos que pretende permanecer calado, não se preocupe: esse espaço é para você também.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit;">É claro que tenho um plano de trabalho, pessoas e lugares para visitar, e que tudo isso logo vai figurar no Gabinete. No entanto, tenho certeza que é a opinião dos leitores que vai qualificar decididamente este trabalho. Seja bem-vindo!</span>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-71206636365962708152012-07-18T12:12:00.001-03:002012-07-18T12:12:25.784-03:00Zines históricos para baixar: Antares n° 20 (1986)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqBKfW_iu3-A9RF_1mTVnq9V_ypRFlkJuN0Iv7N2sepi4NY9CH2lf6LarAY5lFZmedXDFK8vBX1WTL5cHlt0zoGqvZ44EdePMfENknSH0ITr1ESOax2aAkEqoKLU1H4p7KCVdHJVGJ7hg/s1600/anta_20-11.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqBKfW_iu3-A9RF_1mTVnq9V_ypRFlkJuN0Iv7N2sepi4NY9CH2lf6LarAY5lFZmedXDFK8vBX1WTL5cHlt0zoGqvZ44EdePMfENknSH0ITr1ESOax2aAkEqoKLU1H4p7KCVdHJVGJ7hg/s320/anta_20-11.jpg" width="232" /></a></div>
Destaques de <b>Antares n° 20 </b>(setembro de <b>1986</b>):<br />
<br />
Contos dos autores:<br />
*Roberto de Souza Causo, <br />
*Haroldo Teixeira,<br />
*Miguel Carqueija, <br />
*Liane Zanesco.<br />
<br />
<br />
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<a href="http://www.blogger.com/goog_498995058" target="_blank"></a><a href="http://www.mediafire.com/?o49ub086asecd9j">http://www.mediafire.com/?o49ub086asecd9j</a><br />
<br />
<b>Baixar do 4Shared:</b><br />
<a href="http://www.4shared.com/office/eh0vnSOR/antares20.html">http://www.4shared.com/office/eh0vnSOR/antares20.html</a>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-73322607133562523412012-07-17T14:42:00.001-03:002012-07-17T14:42:49.030-03:00Chimia Geral: hábitos e preferências dos gaúchosHá gaúchos que optam por viver em realidades paralelas e constante delírio. Mas, para quem tem coragem de encarar a realidade de frente, aqui vão alguns dados reveladores sobre os hábitos e preferências dos gaúchos - são os mesmos dados da pesquisa que apresentamos ontem e geraram tanta polêmica durante o programa <b>Chimia Geral</b> (Ipanema FM). A gente também não queria acreditar, mas é assim mesmo. Negar a realidade é o modo mais efetivo de mantê-la como está: é quando a gente se conhece que a gente se transforma. Então vamos lá:<br />
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b> Ronaldinho Gaúcho é considerado a cara do RS nos esportes</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR8YmH7H7fuD4_8rIy4feL18zNOb-aZ2H2lJsg3GsQgqyMEcwqd6Fusb212IARoe1avRkXJraTZvgUdPw9vdTGUMCc49seuKjHsu8qD34sJ4WXKuTkajsg57sR35QFzgoWpjQNyBGOqV8/s1600/estilo_musical.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR8YmH7H7fuD4_8rIy4feL18zNOb-aZ2H2lJsg3GsQgqyMEcwqd6Fusb212IARoe1avRkXJraTZvgUdPw9vdTGUMCc49seuKjHsu8qD34sJ4WXKuTkajsg57sR35QFzgoWpjQNyBGOqV8/s400/estilo_musical.jpg" width="356" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>Sertanejo é o estilo musical preferido dos gaúchos</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGznKJrfLMI6bHbqm5PeG5w5YwE87vZxNTLaTScgt27Bba1dBaUdgP2vS5U1LL1n_RbbSJ8FlAneqHV7CVBnKG-jaTqdKcOBIN45lV0ktd5NlqN-5cb_3bLYVhgChMMcpFM-0JPb1g4bY/s1600/viagens.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGznKJrfLMI6bHbqm5PeG5w5YwE87vZxNTLaTScgt27Bba1dBaUdgP2vS5U1LL1n_RbbSJ8FlAneqHV7CVBnKG-jaTqdKcOBIN45lV0ktd5NlqN-5cb_3bLYVhgChMMcpFM-0JPb1g4bY/s400/viagens.jpg" width="359" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>O país mais visitado é o Paraguai</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd8a8PlI6KpphP74slzzlJi_Zkl5mhyphenhyphenMZWzqKOUph5c-EWDDX1ktrxtd4DQo3pD9Cjeo-53PYC9SpVGZqj8uTw0JaxxBPgS_QSCHwzC0FdUk5ultjm3SkChBLYrvwYnNiltZ9H1RqzhKY/s1600/computador.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd8a8PlI6KpphP74slzzlJi_Zkl5mhyphenhyphenMZWzqKOUph5c-EWDDX1ktrxtd4DQo3pD9Cjeo-53PYC9SpVGZqj8uTw0JaxxBPgS_QSCHwzC0FdUk5ultjm3SkChBLYrvwYnNiltZ9H1RqzhKY/s400/computador.jpg" width="357" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>Esmagadora maioria não vai além do básico na informática</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxBIMw7XzcVh3kB8BCLjE1QwnE34bXea70aZZmkp0xB1mCvrmq_cNor0W8mntbhXxpose9rtbTLZB3xZ-lE-fx2WcQT3OAVzHkBpJD3UZGl8uqD6wmSxHLlBnNAQZaiSEPG8LzqXn7NuY/s1600/historia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxBIMw7XzcVh3kB8BCLjE1QwnE34bXea70aZZmkp0xB1mCvrmq_cNor0W8mntbhXxpose9rtbTLZB3xZ-lE-fx2WcQT3OAVzHkBpJD3UZGl8uqD6wmSxHLlBnNAQZaiSEPG8LzqXn7NuY/s400/historia.jpg" width="361" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>Senti falta do Brizola</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDjJo25GQS23vEu6Kw6h1TY48Ds7QTM7-ZWkj2ZuIO0jJOf0G3cVO6WKf4ZxNOReaMxxQZMczxO_NIDuBr4xSoZILuPRZAkMkbj8VIWShLq4MwEFqs0EzDSlhacMfT9Qm9uf3DTGCnfkw/s1600/livros.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDjJo25GQS23vEu6Kw6h1TY48Ds7QTM7-ZWkj2ZuIO0jJOf0G3cVO6WKf4ZxNOReaMxxQZMczxO_NIDuBr4xSoZILuPRZAkMkbj8VIWShLq4MwEFqs0EzDSlhacMfT9Qm9uf3DTGCnfkw/s400/livros.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>Um livro a cada quatro meses.</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
A pesquisa que levantou estes números foi feita sob encomenda da agência DCS, e
contou com 1.200 entrevistados em 20 cidades do estado, com idades entre 16 e 65 anos e pertencentes a todas as classes sociais. <b>Acesse o álbum com os resultados na íntegra aqui</b>: <a href="http://www.dcsnet.com.br/sitedcs/postais/">http://www.dcsnet.com.br/sitedcs/postais/</a></div>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-73436039898181370462012-07-11T14:34:00.000-03:002012-07-12T14:20:13.243-03:00Zines históricos para baixar: HiperEspaço - The Next Generation (1988)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBfKgAqessWyfsmCENCX6rhAkLUxwnO0G_TUTglOZVbaNnsa8MogG_XaATahEXqqmx5QMd7WVo-S-OoxbjuszJq_VBDgiEuzgfvuKelJeEpUyxJwfo5jUm0ggiJfMYOYhwJe2efxr9az4/s1600/hiper_n1_v2_a6.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBfKgAqessWyfsmCENCX6rhAkLUxwnO0G_TUTglOZVbaNnsa8MogG_XaATahEXqqmx5QMd7WVo-S-OoxbjuszJq_VBDgiEuzgfvuKelJeEpUyxJwfo5jUm0ggiJfMYOYhwJe2efxr9az4/s320/hiper_n1_v2_a6.jpg" width="232" /></a></div>
Destaques de <b>HiperEspaço ano VI - Vol. 2 - n° 1 </b>(novembro de <b>1988</b>):<br />
<br />
*Modelismo, por Edson Alves<br />
*Meta-lietura, por Geraldo Xexéo<br />
*Cinema, por Sylvio Gonçalves<br />
*Quadrinhos, de Eduardo Cunha e César Silva<br />
e muito mais...<br />
<br />
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<br />
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<a href="http://www.4shared.com/office/j4GScrc5/hiper_n1_v2_06.html">http://www.4shared.com/office/j4GScrc5/hiper_n1_v2_06.html</a>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-76417926663515366302012-06-27T21:11:00.000-03:002012-06-27T21:12:09.693-03:00Zines históricos para baixar: Antares nº 19 (1985)<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikjdhgs3iypEW20dl8tkn5pbn_jyLX0xUzOqaspNVQpOBjJlFCcMEq4KElTMIWH_e5vmwl5eKWgBZpFTmosR3XH-wF5V4Ffz04f8AQGAB93FOZyeLhcDwj-QsvfRgv-RxR_YT906ekJI0/s1600/antares_14_1985.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikjdhgs3iypEW20dl8tkn5pbn_jyLX0xUzOqaspNVQpOBjJlFCcMEq4KElTMIWH_e5vmwl5eKWgBZpFTmosR3XH-wF5V4Ffz04f8AQGAB93FOZyeLhcDwj-QsvfRgv-RxR_YT906ekJI0/s320/antares_14_1985.jpg" width="232" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Chegou mais uma edição da nossa série <a href="http://alexandrelucchese.blogspot.com.br/search/label/zines%20para%20baixar" target="_blank"><i>Zines históricos para baixar</i></a>. Dessa vez, o Gabinete dá prosseguimento à digitalização da publicação
<b>Antares </b>com a edição <b>nº 19</b>, de abril de 1986. Matérias a respeito da cena de
ficção científica brasileira e mundial, modelismo e cinema, além de contos, são
tônicas deste edição.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É só escolher o link e baixar!</div>
<br />
Zines Históricos para baixar: <b>Antares nº 19 (1986)</b><br />
<br />
Destaques:<br />
*Introdução ao modelismo<br />
*Os frutos da I Convenção Brasileira de Ficção Científica<br />
*Prêmio Fausto Cunha<br />
*Conto "A Última Chance", de Roberto Causo<br />
<br />
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<br />
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me criei, penso em como Rimbaud ficaria satisfeito em atravessar algumas
daquelas cidades. O poeta, que queria ver vitrines e salões da civilização
bombardeados de poeira, obrigados a comer seu próprio pó, aqui veria
centros urbanos nascerem sem jamais conseguirem esconder o barro de onde vieram. A
terra vermelha, sobre a qual a fronteira entre Brasil e Paraguai se levanta,
marca botas, roupas, paredes, animais, gentes e tudo o mais que ali toma lugar.<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ia assim pensando dentro daquele ônibus que, apesar de
visivelmente limpo e bem cuidado, carregava um aspecto de encardido até suas
reentrâncias devido a anos mastigando a poeira daquelas estradas. Por mais que a civilização dali se aproxime, a
terra vermelha estará sempre cobrando nossa origem, lembrando do nosso aspecto
primitivo e selvagem.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E era a presença daquela terra que começava a me deixar
deprimido. Eu havia abandonado meu trabalho para viajar pela América do Sul
tentando ser um jornalista independente, sem jamais ter escrito uma matéria
sequer para os jornais e revistas aos quais eu queria vender material. Depois
de seis meses de viagem com minha namorada, sem ganhar sequer um tostão, resolvi
seguir viagem sozinho para pesquisar a vida dos brasiguaios. Queria escrever um
livro sobre o assunto, sem me dar conta de que não sabia absolutamente nada a
respeito do tema e que jamais escrevi uma história que tivesse mais de três páginas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Além de ignorância e inexperiência, também colaborava para a
perspectiva de fracasso de mais esse empreendimento o fato de eu ter sido
sempre um sujeito ensimesmado pouco sociável, que precisaria agora entrar em
contato com os mais diversos tipos de gente se quisesse mesmo traçar um bom
perfil da situação da área. Tal como o vermelho da terra insistia em manchar as
calçadas e vitrines das cidades por onde passava, também a realidade começava a
manchar e ameaçar sufocar mais um sonho.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A paisagem, apesar de bastante rural, já era bastante
distinta do ambiente tribal que tinha conhecido no interior da Bolívia. O
Paraguai, apesar de pobre e pouco desenvolvido, já tem sua cara de mundo
ocidental e capitalista, com seus cartazes coloridos nas paredes dos bares de
rodoviária e latas de Coca-Cola abandonadas em paradas de ônibus.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas não foi uma lata de Coca-Cola a última imagem que vi
antes de apagar. O que surgiu dentro dos meus olhos, e permanece vivo até hoje
mesmo que eu queira esquecer, foi a primeira visão da solitária e fúnebre menina
que seguiria aparecendo até o fim dessa viagem. Alta e esguia, com pela muito clara,
caminhava solitária sobre o acostamento e me olhou diretamente nos olhos, como se
soubesse que eu passaria por ali, de onde eu vinha e para onde ia. O olhar
profundo e ao mesmo tempo vago me de uma sensação de horror, como de ter sido
descoberto em uma fuga ou como se soubesse ser perseguido.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mal deu tempo de esfregar as pálpebras para ver melhor e
ouvi o baque seco seguido da sensação de abandonar a poltrona, como se o ônibus
perdesse o contato com o solo. O que se seguiu foi uma tremenda confusão de visões
e sons dos quais não consigo me aproximar e descrever.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Até agora, não pude compreender o que verdadeiramente
aconteceu, mal sei dizer a altura do trajeto por onde andava e, se meus
cálculos estiverem certos, despertei a centenas de quilômetros adiante de onde
eu planejava estar, três dias depois da data em que deve ter ocorrido o suposto
acidente no ônibus e gozando de péssima saúde.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O que realmente tenho certeza é de que, quando acordei,
estava sobre a cama de uma casa um tanto fria, porém bastante aconchegante, e vi
sair correndo dos pés da cama uma menina de oito anos, que soube depois se
chamar Estéfani. Ela voltou com sua mãe, e parecia querer dizer algo como “o
irmão do Kevin acordou”. Não consegui continuar com os olhos abertos, mas ouvi
a senhora cantar qualquer coisa em guarani, como que declamando um feitiço.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um trovão de força imensa soou lá fora. A chuva e o canto da
senhora de alguma forma acalmaram meu coração, e segui dormindo, apesar de
ainda não saber onde estava e não ter a mínima idéia de quem seria Kevin.</div>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-26725929851158513982012-06-22T13:00:00.001-03:002012-06-29T18:47:39.853-03:00Medo e delírio no Paraguai - Intro<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://farm3.staticflickr.com/2517/4178863469_cfd4f8ee2e.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://farm3.staticflickr.com/2517/4178863469_cfd4f8ee2e.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como alguns devem saber, passei quase o 2011 inteiro
viajando pela América do Sul em condições franciscanas. Coisa de mochileiro burguês
metido a aventureiro: pedir carona, andar em coletivos, ficar de favor em casa
de moradores locais... Boa parte dessa viagem passei no Paraguai. Foram em
torno de três meses entre o interior e a capital.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Devo dizer que saí de lá em surto psicótico e que tudo que
consegui economizar durante a jornada já se consumiu há muito tempo em horas psicanalíticas
e jogos suicidas. Nada disso foi responsabilidade do país, que sempre me
recebeu muito bem – e é bom que isso fique claro. Por outro lado, não posso
deixar de mencionar que há coisas que me dão uma visão conturbada dos fatos e
fazem com que eu tenha de montar esse relato como quem monta um quebra-cabeça sem
saber que peças deixou fora de lugar e que figura será revelada ao final.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Estava aguardando para escrever isso em uma hora mais
oportuna, embora esse negócio de hora mais oportuna não exista. Como o bicho
está pegando lá, resolvi começar de uma vez, e o que me importa nessa primeira
postagem é refletir sobre a súbita aparição desse país na mídia com tanta força
e porque tudo que está sendo noticiado tem tanto relação conosco.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É sabido que o Paraguai é uma ilha cercada de terra, e que
um pedaço dessa terra que o circunda é nossa, como o Fantástico te faz lembrar
de vez em quando, ao requentar pautas de contrabando de armas e tráfico de
drogas. Mas agora parece que a coisa ficou (mais) séria. O presidente Lugo está para ser defenestrado e cinco ministros já
abandonaram o barco. Muito sangue foi derramado entre policiais e agricultores,
e agora o presidente não pode ficar mais em cima do muro. Lamentar a morte dos
colonos e ao mesmo tempo defender a força policial é uma contradição que não
agradou a ninguém, e o lado mais forte está cobrando por isso.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sim, porque nesse momento há só dois lados nessa história: o
grupo que quer uma divisão igualitária de terras e o grupo que quer ver
prosperar ainda mais o agronegócio – a decisão de transformar a zona de
fronteira em uma franca área de agricultura mecanizada foi feita há décadas,
muito dinheiro foi investido nisso e ninguém quer voltar para casa sem receber
o seu quinhão.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não é preciso dizer que o grupo do agronegócio é mais forte
do ponto de vista econômico e político. A causa dos agricultores sem terra talvez
tenha um contingente populacional maior a seu favor, mas é praticamente
impossível fazer dois paraguaios concordarem sobre qualquer assunto, o que
torna inviável pensar num movimento articulado nesse momento, apesar de existirem
alguns grupos radicais mais coesos.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez o pessoal do <a href="http://jornalismob.wordpress.com/" target="_blank">Jornalismo B</a> saiba me explicar, mas eu não
entendo porque uma informação não aparece nas coberturas midiáticas sobre a
questão: o Paraguai é o segundo maior país a receber imigrantes brasileiros,
perdendo apenas para os Estados Unidos. Sim, uma enorme quantidade de brasileiros,
filhos da grande potência sul-americana, vai buscar seu sustento e criar seus
filhos no Paraguai. Isso mesmo: é o primo pobre sustentando boa parte dos
filhos desse pretenso pai rico.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E o que isso tem a ver com a tensão política desse momento? Não
é só a preocupação com os brasileiros que agora lá estão que nos toca – pode acreditar
que eles aprenderam a se virar sem nosso apoio há um bom tempo. O fato é que
essa opção de modelo agrícola de monocultivo mecanizado tem empurrado cada
vez mais paraguaios para fora do campo (e até mesmo para fora do país) e isso está no centro de toda a intriga de poder que acompanhamos
agora. Aí está o ponto: essa opção foi implementada com a conivência e até mesmo com
o apoio do governo brasileiro.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://farm3.staticflickr.com/2555/4179629768_a7b4a6d300.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://farm3.staticflickr.com/2555/4179629768_a7b4a6d300.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quem aí já ouviu falar em brasiguaios? Não é estranho que
filhos do Brasil, uma das maiores economias do mundo, precisem buscar seu
sustento em um país vizinho considerado mais pobre? E por que o governo paraguaio prefere que
trabalhadores brasileiros ocupem suas terras, ao invés de trabalhadores paraguaios?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
São essas e outras questões que pretendo tocar durante os
relatos. Provavelmente não vou respondê-las, mas espero que tudo aquilo que vi
e senti possa ajudar o leitor a buscar suas próprias respostas.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>* Na próxima semana: realidades paralelas e universos
alternativos sobre o Aquífero Guarani. Acompanhe as postagens pelo <a href="http://feeds.feedburner.com/alexandrelucchese" target="_blank">RSS</a>, <a href="https://twitter.com/alexandrelucche" target="_blank">twitter</a> ou <a href="https://www.facebook.com/alexandrelucchese" target="_blank">facebook</a>.</b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: small;"><i>Imagens de <a href="http://www.flickr.com/photos/olmovich/" target="_blank">Olmo Calvo</a> </i></span><b><br /></b></div>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-33596847197358631402012-06-20T15:51:00.000-03:002012-06-21T17:10:17.106-03:00Zines históricos para baixar: Antares nº 14 (1985)Ele custava apenas 1.800 cruzeiros e o pagamento poderia ser feito em selos dos Correios. Olhar para o passado às vezes é parecido com o exercício de ler ficção cientítica: você pode pesquisar os mínimos detalhes, mas é só com a imaginação é que vai conseguir mergulhar de verdade e vivenciar tempos e espaços diferentes .<br />
<br />
Como alguém fazia para pagar por algo com selos dos Correios? E mais, como a outra pessoa recebia o pagamento? Será que é tipo receber créditos na conta do PayPal? Também dava para transformar em dinheiro depois? São perguntas que me faço meio sem querer, com um certo medo de decobrir as respostas, pois faz parte da magia preservar o mistério.<br />
<br />
*E tem um detalhe: eu não sou tão jovem assim.<br />
<br />
Esse papo todo é para explicar mais uma vez porque continuo com o proceso de compartilhamento de zines históricos de literatura em versão digital. Porque esse encantamento não pode ficar preso ao meu singelo Gabinete.<br />
<br />
A bola da vez é a <b>14ª edição</b> do zine <b>Antares</b>, de <b>1985</b>, uma publicação do <b>Clube de Ficção Científica Antares</b>, daqui de Porto Alegre. Sem mais delongas, aí está a criança, é só baixar e ler:<br />
<br />
Zines Históricos para baixar: <b>Antares nº 14 (agosto de 1985)</b><br />
<br />
<a href="http://www.4shared.com/office/S6K97rxi/antares_14_1985.html%0A" target="_blank"></a><br />
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.4shared.com/office/S6K97rxi/antares_14_1985.html%0A" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiM5OAFWr-_guBUa6O3hT6CJuAsj1m3ZLRpEH1pvCghoYHpc71Bnth5CCeFvuxAViiHNkt0CF1AkI1TZqXHpjwrXdYXRZnorMYdXn12whaEqo4jBObSOkLtVTrs9xI4k4jQ74kUPDcfcdg/s320/antares_14_1985_capa.jpg" width="232" /></a></div>
Destaques: <br />
*Orson Welles, e<br />
*Prêmio Fausto Cunha (contos)<br />
<br />
<b>Baixar no MediaFire:</b><br />
<a href="http://www.mediafire.com/?06szrymmu8d6vgr"><b>http://www.mediafire.com/?06szrymmu8d6vgr</b></a><br />
<b><br /></b><br />
<b>Baixar no 4shared:</b><br />
<a href="http://www.4shared.com/office/S6K97rxi/antares_14_1985.html"><b>http://www.4shared.com/office/S6K97rxi/antares_14_1985.html</b></a>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-24565730194534129562012-06-06T15:23:00.000-03:002012-06-06T15:23:26.106-03:00Zines históricos para baixar: Hiperespaço n°09 - ano III (1985)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz0MKhZuSM8G9JSVe58yLsWosAV8Gt7nPkV5Ro6s5dBk4a6gT0TUythY7Qj30lAnSgchnn6GsnTPXxRYETRST675h6Nu_1iZrMa5DuAjrFxfKHUMEFPsLJPRYhIAZTjh_ife08nyZMzuA/s1600/hiperespaco1995_ray.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz0MKhZuSM8G9JSVe58yLsWosAV8Gt7nPkV5Ro6s5dBk4a6gT0TUythY7Qj30lAnSgchnn6GsnTPXxRYETRST675h6Nu_1iZrMa5DuAjrFxfKHUMEFPsLJPRYhIAZTjh_ife08nyZMzuA/s320/hiperespaco1995_ray.jpg" width="125" /></a></div>
Dale! É hoje que inauguro esta sessão dentro do Gabinete: postagens com digitalizações de zines de literatura dos anos pré-internet. É incrível que muitos zines das década de 1970, 1980 e 1990 - grandes formadores de leitores e de escritores - não estejam todos catalogados e arquivados. Na verdade, sempre é difícil encontrar na rede este documentos. Por isso, resolvi de algum modo parar de reclamar e auxiliar um pouquino na recuperação desta memória - que não vivi, mas que me capturou de algum modo. <br />
<br />
A primeira pessoa a me dar a mão neste processo foi a escritora <a href="http://www.porteiradafantasia.com/" target="_blank">Simone Saueressig</a>, que me cedeu uma enorme bolsa de publicações voltadas à ficção científica, as quais foram demoradamente escaneadas (obrigado pela confiança e paciência, Simone).<br />
<br />
E a sessão não poderia começar de modo diferente: sabendo que hoje faleceu<b> Ray Bradbury</b>, o escritor do tão louvado Farenheit 451, escolhi aqui para compartilhar uma edição do zine <b>Hiperespaço </b>de <b>1985 </b>em que Roberto Causo apresenta uma matéria sobre o autor.<br />
<br />
Acompanhe! Nas próximas semanas tem mais zines exclusivos aqui no Gabinete!<br />
<br />
Zines históricos para baixar<b>: Hiperespaço n°09 - ano III (1985)</b><br />
<div style="text-align: right;">
<a href="http://www.4shared.com/office/KjDJOgbu/hiper_n9_a3_1985.html" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;" target="_blank"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhDe50NCKO5_xv6FCfpvvbNtfRW8Xaiejs78Q-f43IRjTJDvz9uxBVcR1bcYGkE6dBi6QwcwvEO1cl6PbQspKRkLHyByK2a4kNpgHop4rVLFcJgMLwu1sNHKFAc5SWELLp93g7RbM63N3k/s320/hiperespaco1995_capa.jpg" width="217" /></a></div>
Nesta edição:<br />
* História em quadrinhos<br />
* Modelismo<br />
* Especial: Ray Bradbury (por <a href="http://robertocauso.com.br/" target="_blank">Roberto Causo</a>)<br />
* As naves e veícuos da saga "Guerra nas Estrelas" (por José Carlos Neves)<br />
* <a href="http://mensagensdohiperespaco.blogspot.com.br/" target="_blank">Cesar Silva</a> entrevista Júlio Emílio Bráz<br />
* Maurice Evans (por Luiz Saulo Adami)<br />
* Deus na Ficção Científica<br />
<br />
e muito mais...<br />
<br />
Clique <b><a href="http://www.4shared.com/office/KjDJOgbu/hiper_n9_a3_1985.html" target="_blank">aqui</a> </b>para baixar ou na imagem ao lado. <br />
<br />Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-4890946563600775522012-05-31T15:57:00.001-03:002012-05-31T16:02:45.784-03:00Para que servem as utopias?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://farm4.staticflickr.com/3419/3945352554_decc04e437_z.jpg?zz=1" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="http://farm4.staticflickr.com/3419/3945352554_decc04e437_z.jpg?zz=1" width="456" /></a></div>
Para enlamear o presente. Sempre lembro do trecho de um livro quando alguém me fala de utopia. Hoje resolvi buscar na <i>web </i>para compartilhar:<br />
<blockquote class="tr_bq">
"O queixar-se não serve em caso algum para algo: ele provém da fraqueza. o fato de se atribuir o seu sentir-se mal aos outros ou a si mesmo - o primeiro o faz socialista, o segundo, por exemplo, o cristão - não faz propriamente diferença alguma. O que há de comum, digamos mesmo o que há de <i>indigno </i>nisto, é que alguém deva ser <i>culpado </i>por se sofrer - em resumo, que o sofredor prescreva para si contra o seu sofrimento o mel da vingança. Os objetos desta necessidade de vingança enquanto os objetos de uma necessidade de <i>prazer </i>são causalidades ocasionais: o sofredor encontra por toda parte causas para refrescar a sua vingança - se ele é cristão, dito uma vez mais, então ele as encontra <i>em si</i>... O cristão e o anarquista - ambos são <i>decadentes</i>. Mas também quando o cristão condena, calunia, enlameia o "<i>mundo</i>", ele o faz a partir dos mesmos instintos, a partir dos quais o trabalhador socialista condena, calunia, enlameia a <i>sociedade</i>: o "juízo final" mesmo é ainda a mais doce consolação da vingança - a revolução, como a espera também o trabalhador socialista, apenas pensada um pouco mais distante... O próprio "além" - para que um além, se ele não fosse um meio de enlamear o aquém?"</blockquote>
Retirado de <i><a href="http://www.tse.gov.br/hotSites/biblioteca/corujita/arquivos/Crepusculo_dos_idolos.pdf" target="_blank">Crepúsculo dos Ídolos (ou como filosofar com o martelo)</a></i> - <b>Nietzsche</b>.<br />
<br />
<b>E se tu for na aparelhagem, tu vai ver só o que ela vai aprontar.</b><br />
<br />
<span style="font-size: x-small;"><b>Ilustração de <a href="http://www.flickr.com/photos/abasolo/" target="_blank">Mariana Abasolo</a></b><b>.</b></span><b><br /></b>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-40192623309774226622012-05-29T22:59:00.002-03:002012-06-20T19:52:33.499-03:00Perros: cães da América do Sul<i>Tive a oportunidade de de fazer o </i>release <i>e texto de exposição da <a href="http://www.ateliecusca.com/" target="_blank">Thais Brandão</a> - o amorzinho desse blogueiro, pra quem não sabe. Fica o convite a todos! </i><span style="font-size: x-small;"><b><i><span style="font-size: small;">Pinta lá:</span></i></b><b><br /></b></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjT-EaDNvrFS6BKk6kvwf0nFAJCKESOH-DKissiVuwY5VTXxitjYkMP8humtVXHc_h1PG7r-R175ZlnDj15d4MjwN-YJ0iwhy0h23sBC4mVkqzDsUz3KDIcH7QqrgRkzdjZDYS-XcdH9zU/s1600/perros_cartaz_digital.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjT-EaDNvrFS6BKk6kvwf0nFAJCKESOH-DKissiVuwY5VTXxitjYkMP8humtVXHc_h1PG7r-R175ZlnDj15d4MjwN-YJ0iwhy0h23sBC4mVkqzDsUz3KDIcH7QqrgRkzdjZDYS-XcdH9zU/s640/perros_cartaz_digital.jpg" width="520" /></a></div>
<br />
<h3>
Relise</h3>
<h4>
“Perros: cães da América do Sul” traz fotografias de um continente ocupado pelos cães</h4>
<i>Thais Brandão retratou a relação entre animais e seu espaço em quatro países </i><br />
<br />
Uma exposição fotográfica que apresenta imagens de cães clicados em diferentes situações e países da América do Sul será exibida em Porto Alegre. “Perros: cães da América do Sul” é a primeira mostra da fotógrafa gaúcha Thais Brandão, e poderá ser conferida pelos amantes de fotografia (e de cachorros) entre 05 de junho e 05 de julho no espaço Pinacoteca Café (Rua da República, 409).<br />
<br />
As 13 imagens que compõem a exposição são resultado de uma longa viagem de Thais Brandão pelo continente sul-americano empreendida em 2010. Foram sete meses como mochileira, tendo como objetivo conhecer melhor seu espaço e sua gente. Bióloga de formação, a presença constante e quase óbvia de cães em países como Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia não deixava de chamar sua atenção - a espécie animal não é nativa destas terras, embora assim já parecesse. A seleção de fotos expõe a naturalidade generalizada com que se encara a presença do cão e as diferentes relações entre o animal, o homem e o espaço na atualidade.<br />
<br />
Serviço:<br />
Exposição fotográfica Perros: Cães da América do Sul, de Thais Brandão<br />
De 05 de junho a 05 de julho de 2012, diariamente a partir das 18h<br />
Pincoteca Café (Rua da República, 409 – Cidade Baixa, Porto Alegre, RS)<br />
<br />
Informações e contato de Thais Brandão: http://thaisbrandao.photoshelter.com/<br />
<br />
<h3>
Texto da Exposição</h3>
<h4>
Perros: cães da América do Sul</h4>
<i>Exposição de fotografias de Thais Brandão</i><br />
<br />
A temporada já havia ido embora do litoral uruguaio e levado consigo os turistas. Os homens tentavam a pesca no mar, as mulheres se ocupavam dos afazeres domésticos e as crianças concentravam a atenção no quadro negro da escola municipal. Nas ensolaradas ruas, cães desfrutavam de vagabunda vida sob o céu azul correndo, virando latas, fuçando, brigando. A cena fazia a fotógrafa – bióloga de formação – se perguntar se não era um sutil e mágico mecanismo de dominação daqueles animais que fazia com que humanos tivessem uma rotina tão rigorosa para que seus cães pudessem gozar tamanha alegria e liberdade.<br />
<br />
A viagem de Thais havia recém começado – mais sete meses e alguns milhares de quilômetros a aguardavam para atravessar Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia. Depois de tamanho percurso mochileiro, ela começa a organizar uma seleção de fotos que pudesse representar a jornada. Lá estavam novamente os cães, roubando a cena nas mais representativas imagens. Terá sido o suposto mecanismo de dominação canino a operar mágica e sutilmente outra vez? Teorias conspiratórias à parte, é inegável que a espécie conseguiu se propagar com grande êxito por todo o continente. E são alguns exemplos dessa ocupação que você poderá encontrar nessas imagens.Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-51329693264909091792012-05-29T12:43:00.001-03:002012-05-29T12:47:54.163-03:00Nota de retorno das atividades<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://farm8.staticflickr.com/7213/7280634550_594722465c.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://farm8.staticflickr.com/7213/7280634550_594722465c.jpg" width="288" /></a></div>
Amigos, peço desculpa pelos transtornos, não era minha intenção ter deixado o Gabinete fechado por tanto tempo. O caso é que este espaço é guardado por dois cães potencialmente assassinos e um pouco temperamentais, o que já resultou em reincidentes transtornos.<br />
<br />
Dessa vez, os animais abdicaram de suas funções protetoras para brigar furiosamente entre si. Não é a primeira vez que isso ocorre, nem a mais duradoura - talvez sim a mais intensa. Também foi muito perigoso para quem passava por perto, e até mesmo a imagem da carnificina já bastaria para estragar a semana dos que possuem o estômago mais sensível.<br />
<br />
Entre curativos e escoriações, estamos agora retomando o trabalho. Seja bem-vindo outra vez e não se incomode com a bagunça, tudo estará em seu devido lugar em questão de dias. <br />
<br />
<b><span style="font-size: x-small;"><i>Imagem de <a href="http://www.flickr.com/photos/alvarotapia/" target="_blank">Alvaro Tapia</a></i></span></b>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-74784611139519231592012-04-09T14:55:00.008-03:002012-04-09T16:33:29.113-03:00Quem somos nósHá dias em que fecho o gabinete, desligo o telefone e deixo na porta uma discreta placa com cartões indicando <a href="http://www.missdelicia.net/">opções de companhia mais atraentes do que minha humilde presença</a>. Nesses dias, me debruço sobre a tela do computador a encontrar zines e outros publicações dos que usam a palavra de modo verdadeiro e visceral. Foi numa dessas garimpagens que encontrei o mestre <span style="font-weight: bold;">Fabio da Silva Barbosa</span>, jornalista que manda ver no zine <a href="https://twitter.com/#%21/@RebocoCaido">Reboco Caído</a> e em outras tantas publicações - dentre elas o <a href="http://coletivozine.blogspot.com.br/">Coletivo Zine</a>.<br /><br />Pois agora acaba de chegar uma nova missiva de Fabio ao Gabinete avisando que foi recém-publicada <span style="font-style: italic;">online </span>uma compilação de entrevistas feitas por ele entre 2009 e 2011. São dezenas de entrevistados com perfis e áreas de atuação diferentes, mas com um ponto de encontro: a busca radical pela expressão sem concessões. O álbum, batizado de <span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Quem somos nós?</span> dá conta de mapear a produção underground de escritores, músicos cineastas e jornalistas em vários cantos do país.<br /><span style="display: block;" id="formatbar_Buttons"><span onmouseover="ButtonHoverOn(this);" onmouseout="ButtonHoverOff(this);" onmouseup="" onmousedown="CheckFormatting(event);FormatbarButton('richeditorframe', this, 8);ButtonMouseDown(this);" class=" down" style="display: block;" id="formatbar_CreateLink" title="Link"><img src="http://www.blogger.com/img/blank.gif" alt="Link" class="gl_link" border="0" /></span></span><br />Com entrevistas rápidas e criativas, <span style="font-style: italic;">Quem somos nós</span> serve para aprofundar ou fazer conhecer trabalhos geniais que não chegam ao público pelas mídias tradicionais. Destaco aqui as entrevistas dos irmãos <a href="http://desculpeanossafalha.com.br/">Lino e Mario Ito Bocchini</a> (site Falha de São Paulo), <a href="http://canibuk.wordpress.com/">Petter Baiestorf</a> (cineasta independente), <a href="http://www.myspace.com/oficialdevotos">Canibal</a> (banda Devotos), <a href="http://glaucomattoso.sites.uol.com.br/quem.htm">Glauco Mattoso</a> (poeta), <a href="http://www.toniplatao.com/">Toni Platão</a> (músico, ex-integrante da Hojerizah), <a href="http://fanzinotecamutacao.blogspot.com.br/">Law Tissot</a> (Fanzinoteca Mutação) e <a href="http://www.wanderwildner.com.br/">Wander Wildner</a> (músico).<br /><br /><div style="text-align: center;"><a href="http://www.slideshare.net/ARITANA/quem-somos-ns-12314856"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmNNhayg5eJcXTiP4LRWbv1RQtV1XgTRmM0vqzKF7Rph_OOFWeFGyIoVcbumAL3DILl5TqTeUCqz38sZdbRTnvAIazoe4TY644dQyv2gKDi3y3Y-8VDdPrmRMtac1PYXkpkw-IyOOt1pg/s400/quem_somos_nos.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5729480833698509570" border="0" /></a><span style="font-style: italic;">Clique na imagem acima ou </span><a style="font-style: italic;" href="http://www.slideshare.net/ARITANA/quem-somos-ns-12314856">aqui</a><span style="font-style: italic;"> para ler</span><br /></div><br />Fabio da Silva Barbosa saiu do Rio de Janeiro no fim de 2011 e - para nossa sorte! - está morando em Porto Alegre. Conhecê-lo pessoalmente foi definitivo para eu constatar o quanto sou realmente afetado e bunda-mole. A simplicidade e coragem com que ele se mudou para cá com mulher filhos, sem trabalho e sem conhecer ninguém, só para ver qual é, é dessas coisas que inspiram o cara. Mas essa história eu espero poder conta melhor outro dia. Por ora, divirtam-se com o jornalismo artesanal do Fábio: é só clicar <a href="http://www.slideshare.net/ARITANA/quem-somos-ns-12314856">aqui</a>.Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-18894901317718476742012-04-05T00:08:00.005-03:002012-04-05T08:22:31.538-03:00Chimia Geral: Paralelo 30 com Juarez Fonseca<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWFR4FWh4RwiDATPFfTIJCD74drInP2XdRubvUpWo0jqTDMHYGjIDzUxxrqstEZMw-Mc2cCx-e7MpxCfy7Ctcb9azFF3-zvuESm8-VKuEtYCnzLybuFfs2_FlXaeDAgHiZ-4AMe6sT2ew/s1600/paralelo30_1978_capa.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 294px; height: 299px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWFR4FWh4RwiDATPFfTIJCD74drInP2XdRubvUpWo0jqTDMHYGjIDzUxxrqstEZMw-Mc2cCx-e7MpxCfy7Ctcb9azFF3-zvuESm8-VKuEtYCnzLybuFfs2_FlXaeDAgHiZ-4AMe6sT2ew/s320/paralelo30_1978_capa.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5727750883038004914" border="0" /></a><p class="MsoNormal">Nessa semana – para ser mais exato, na última segunda-feira – inventei de me meter no estúdio da Ipanema FM com o <a href="http://www.navevazia.com/chimia/">Fabio Godoh</a> para curtir mais um Chimia Geral. Não sei quanto tempo faz que não aparecia lá, mas sei que dei sorte na hora de voltar: nessa noite, Godoh tinha convidado Juarez Fonseca para ouvir o disco <span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Paralelo 30</span><span style="font-weight: bold;"> </span>– num elepê que parecia saído de túnel do tempo de tão conservado e que o Fabio diz ter encontrado na sua casa, embora eu desconfie que tenha sido roubado de algum desavisado colecionador.</p> <p class="MsoNormal">O fato é que <span style="font-style: italic;">Paralelo 30</span> só nasceu por conta do olhar atento e da produção ativa do jornalista e crítico musical Juarez Fonseca. O álbum reúne seis artistas que marcam a história da música popular gaúcha: <span style="font-weight: bold;">Bebeto Alves</span>, <span style="font-weight: bold;">Cláudio Vera Cruz</span>, <span style="font-weight: bold;">Nelson Coelho de Castro</span>, <span style="font-weight: bold;">Carlinhos Hartlieb</span>, <span style="font-weight: bold;">Nando D'Ávila</span> e <span style="font-weight: bold;">Raul Ellwanger</span>. Enfim, não há muito mais que eu possa dizer que esteja à altura da parada, ouça você mesmo no fim desse post.</p> <p class="MsoNormal">Confira aí trechos mais significativos da entrevista:</p> <p style="font-weight: bold; font-style: italic;" class="MsoNormal">Paralelo 30</p> <p style="font-style: italic;" class="MsoNormal">O Paralelelo 30 surge num momento em que o Rio Grande do Sul estava tomando consciência da sua própria realidade musical. Os seis compositores que estão nesse disco trafegavam pela MPB, samba, rock, música regional do RS – não a música regionalista, mas a música com um pé no folclore. A consciência regional está se descobrindo naquela época, porque até então não tinha muita música com personalidade vinda daqui, observando aqui. E esse disco tentou reunir as pessoas que estavam fazendo isso. A gente estava inaugurando o estúdio da ISAEC, onde ele foi gravado, então os técnicos estavam também experimentando, se familiarizando com a mesa de gravações que tinha chegado recentemente da Alemanha. Foi o primeiro disco gravado no Rio Grande do Sul com um acabamento “exportável”.</p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Juarez Fonseca e o <span style="font-style: italic;">Paralelo 30</span></p> <p style="font-style: italic;" class="MsoNormal">As gravações do disco começaram em 1978 e eu estava na Zero Hora desde 1972, então eu já estava acompanhando o que acontecia nessa cena há algum tempo. Era um movimento musical que vinha crescendo, mobilizando músicos e público. Eram os músicos descobrindo que havia público e o público descobrindo que havia músicos. E também tinha eu e outros jornalistas no meio dessa relação. Mas eu sempre me considerei, e continuam me considerando como um representante dessa turma dentro do jornal. Eu certamente era um militante desse movimento, nunca tive um distanciamento crítico. Eu assumi esse papel porque quis, nunca tive um editor-chefe me dizendo o que eu deveria fazer, eu fiz porque eu era dessa turma. O Carlinhos Hartlieb, por exemplo, foi meu colega de faculdade. Então eu convivia com todos eles, e eles estavam num momento em que todos faziam música identificado com o Rio Grande do Sul, aí eu propus para o Geraldo Flach de fazer esse disco, e ele topou na hora.</p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Jornalismo cultural engajado hoje</p> <p style="font-style: italic;" class="MsoNormal">Eu acho que ainda é possível, depende muito do esforço pessoal. Se o cara realmente quiser, tiver personalidade, tiver uma maneira de se colocar e pressionar – no bom sentido, não no sentido puramente agressivo – ele pode fazer isso. Acho inclusive que existem muitos bons jornalistas que conseguiram espaço na imprensa gaúcha criando esse espaço, forçando, furungando, fazendo... Mas tem que querer, no caso da música do Rio Grande do Sul, talvez não haja muita gente que queira realmente fazer isso. Não vejo muitos jornalistas prestando atenção no que está acontecendo aqui, e se o cara não presta atenção no que está acontecendo aqui, ele perde as referências e também as próprias coisas perdem a possibilidade de ganhar mais visibilidade. Eu acho que o jornalismo tem que ser ligado ao seu espaço, como, por exemplo, uma rádio de Porto Alegre deve tocar música de Porto Alegre, não exclusivamente música de Porto Alegre, mas também música de Porto Alegre.</p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Esquizofrenia sul-riograndense</p> <p style="font-style: italic;" class="MsoNormal">Todo dia eu penso nisso. Eu sou gaúcho e gosto de ser gaúcho, ao mesmo tempo em que tem tanta coisa daqui que eu não consigo engolir, como gente que age desse jeito “o Rio Grande me basta”. Eu não vejo muita vontade de mudar isso. Por exemplo, para mudar a margem do Guaíba demora 30 anos, em outro lugar demora cinco. Tudo é difícil, sempre tem alguém pentelhando, é tudo grenalizado, é tudo sim ou não, chimango ou maragato, lenço branco ou vermelho. Não são lados que trabalham juntos. A cultura do Rio Grande do Sul está ligada também a isso. Se alguém faz sucesso nacional, aqui já não se gosta mais porque aí “se vendeu para o Brasil”... Eu não sei porque é assim ou qual é a solução para isso, mas me angustia que seja assim. Eu acho que o Rio Grande do Sul tem que se confrontar contra ele mesmo. Há algum tempo atrás eu participei de alguns programas de rádio em que volta e meia essa discussão aparecia, e sempre que eu manifestava minha opinião, muita gente ligava dizendo “se tu não gosta, te muda daqui!”. A reação não é de alguém querer discutir, é uma reação de quem não quer melhorar, de quem quer ficar na bosta. Agora, quem não pensa assim deve confrontar esse tipo de mentalidade.</p> <p style="font-weight: bold;" class="MsoNormal">Rio da Prata: interação cultural Brasil-Uruguai-Argentina</p> <p style="font-style: italic;" class="MsoNormal">Essa combinação com o Prata veio mais tarde, depois do Paralelo 30. Até então tinha essa coisa geopolítica, dos militares serem adversários, embora fossem ditadores de ambos os lados. Tinha essa rivalidade entre Brasil e Argentina, coisa inimagináveis como aquela história da bitola do trilho do trem que mudava na fronteira, para o trem não conseguir cruzar de um país para outro. Eu acho que isso já começa a acontecer, com músicos como o Vitor Ramil, com discos gravados na Argentina e lançados lá – ele inclusive acabou de voltar de shows na França e em Portugal acompanhado do violonista argentino Carlos Moscardini; o Arthur de Faria tem a plurincional Surdomundo Imposible Orchestra; muitas peças de teatro vêm para cá durante o Porto Alegre em Cena. Há um intercâmbio muito maior do que em qualquer outro momento. Tem também o Richard Serraria com o Pampa Esquema Novo, com vários músicos da Argentina e Uruguai, o disco foi gravado nos três países e se refere a isso. Mas foram muitos anos de discórdia, então não é de uma hora para outra que vai haver uma nitidez nisso tudo. Por exemplo, isso de os argentinos passarem o veraneio em Santa Cataria e Rio Grande do Sul é uma coisa muito recente, de uns 20 ou 30 anos para cá, o que não é nada em uma escala de tempo histórico. Com a democratização e com o Mercosul, essas coisas irão se desenvolver e melhorar, mas já estão muito melhores do que antes.</p><p style="font-style: italic;" class="MsoNormal"><span style="font-weight: bold;">Ouve aí:</span><br /></p><br /><object classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" id="gsSong3521543999" name="gsSong3521543999" height="40" width="450"><param name="movie" value="http://grooveshark.com/songWidget.swf"><param name="wmode" value="window"><param name="allowScriptAccess" value="always"><param name="flashvars" value="hostname=cowbell.grooveshark.com&songIDs=35215439&style=metal&p=0"><object type="application/x-shockwave-flash" data="http://grooveshark.com/songWidget.swf" height="40" width="500"><param name="wmode" value="window"><param name="allowScriptAccess" value="always"><param name="flashvars" value="hostname=cowbell.grooveshark.com&songIDs=35215439&style=metal&p=0"><span>Chimia Geral Ipanema FM by <a href="http://grooveshark.com/artist/Juarez+Fonseca/2370198" title="Juarez Fonseca">Juarez Fonseca</a> on Grooveshark</span></object></object>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-52204508204997764452012-04-01T20:34:00.005-03:002012-04-01T21:36:10.549-03:00O mal chega ao Rio Grande do Sul<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb5PaI52XPRGGRAtrBkbOQOLjQ-Vrdfwz_ZwQO5eN0W0K2K4p25DJzZJTFLSC-GP_QuBQriUCppR-OhEH_i7j3z4iMtODMk_iKunHPxlvoz85RxDTVo8A2k9n4p22RdFo6hIr6-2cUA_s/s1600/spermate.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 325px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhb5PaI52XPRGGRAtrBkbOQOLjQ-Vrdfwz_ZwQO5eN0W0K2K4p25DJzZJTFLSC-GP_QuBQriUCppR-OhEH_i7j3z4iMtODMk_iKunHPxlvoz85RxDTVo8A2k9n4p22RdFo6hIr6-2cUA_s/s400/spermate.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5726589957396622338" border="0" /></a>Acaba de chegar em meu gabinete a famigerada 19ª edição do zine <span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Spermental</span>, editado pelo perverso <span style="font-weight: bold;">Erivaldo Mattüs</span> e seu turba de demônios alados de Maceió. Além dos textos - que indicam incontornáveis perturbações da mente mattüsiana - o abominável periódico vem acompanhado das ilustrações da sobrenatural <a style="font-weight: bold;" href="http://canibuk.wordpress.com/">Leyla Buk</a> embalados em inefável edição gráfica da<span style="font-weight: bold;"> Ana Remonti</span>.<br /><br />Tão emociante quanto descobrir que os Correios não extraviaram o pacote de zines alagoanos, foi descobrir os adesivos com a arte de Leyla Buk na embalagem. É nóis.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgl5YltaPtPTMqRCMkaU2kiQbya9t2sW5AYjQGaVNQeA4MvgqunOrpil3r1BZg41Wx4Tr_aiDjBnf77z2JgdEDwsie6ZH6b2LTl9rzu19BqD41VMzOcFFIQlxJNtMpMOqX-QN9mlvKjwI/s1600/spermenta.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgl5YltaPtPTMqRCMkaU2kiQbya9t2sW5AYjQGaVNQeA4MvgqunOrpil3r1BZg41Wx4Tr_aiDjBnf77z2JgdEDwsie6ZH6b2LTl9rzu19BqD41VMzOcFFIQlxJNtMpMOqX-QN9mlvKjwI/s400/spermenta.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5726590177150038274" border="0" /></a>Não vou colocar fotos internas do zine ou seus textos aqui. Para os habitantes do Sul do país que quiserem entrar em contato com as abomináveis páginas, a solução é falar <a href="http://alexandrelucchese.blogspot.com.br/p/sobre.html">comigo</a> - vai ser um prazer entregá-las a você. Se você mora longe daqui, quer mais cópias para distribuir ou pretende colaborar com o zine, entre em contato com o <a href="https://www.facebook.com/people/Erivaldo-Matt%C3%BCs/100002371206353">Mattüs</a>.<br /><br /><span style="font-style: italic;">E uma semana spermental para todos nós!</span>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-41725507768313953982012-03-31T11:18:00.005-03:002012-04-01T22:55:57.670-03:00Palestra com um assassino amador<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnejOXbIsNT38WqGM3vXPaodbRvFC9s5TumuF-2P5-pGrTAKPw9R44fg80ofwgmm8vycb22T7R1obnAjwFEw0Asy9ViW1Sxl6EW04YSKtF2PjH_qtstor5azUKA6h6FoXmX77Fb7mTI6V1/s1600/maindrivingforce.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 500px; height: 640px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnejOXbIsNT38WqGM3vXPaodbRvFC9s5TumuF-2P5-pGrTAKPw9R44fg80ofwgmm8vycb22T7R1obnAjwFEw0Asy9ViW1Sxl6EW04YSKtF2PjH_qtstor5azUKA6h6FoXmX77Fb7mTI6V1/s1600/maindrivingforce.jpg" alt="" border="0" /></a><div style="text-align: left;"><br />Há no final desse túnel uma cachoeira e uma criança empurrando uma bola. Com esse calor você não consegue segurar o dedo no gatilho por muito tempo. A gente sempre sabe para quem apontar na hora H. Você então volta a ser um menino rolando uma bola sobre a água, só que agora a bola é o tambor do seu revólver. </div><p class="MsoNormal">A coisa é assim mesmo, as asas se abrem e começam a agitar tudo aqui dentro. Isso também agita as cortinas e deixa entrar a luz. Se você puder abrir um pouco a janela, fazer o ar circular é bom. As coisas costumam estar bastante empoeiradas nesta sala, e algumas mudam de lugar enquanto tudo está escuro.<br /><br />Eu nunca matei alguém que eu quis. É uma ilusão achar que você pode ser o senhor da morte. É por isso que detesto quem mata profissionalmente. A morte é quem indica para quem você deve apontar a arma, mais ninguém, nem mesmo você terá o controle sobre isso. Quando se tem esse lugar para visitar, é muito difícil conseguir se manter afastado, ainda que algumas vezes pareça impossível alcançá-lo.</p> <p class="MsoNormal">Apesar disso, você não pode desistir de tudo - só se consegue matar quando se está vivo. Então preste atenção no que está fazendo e não caia na tentação de odiar seus colegas e traçar planos de vingança. Eles não são os culpados pela nossa doença.<br /><br />Você tem que estar disposto a encarar a viagem de maneira solitária. É isso que os caras chamam de lado negro, escuro, oculto, B. Tantas vozes dizendo a mesma coisa, isso chega a me irritar.<br /><br />Há roupas espalhadas pela casa e um mata-moscas pendurado na parede. Sua cidade já ficou longe e o tempo em que tudo se resolvia com um mata-moscas ou uma ida até a lavanderia acabou. Não se esqueça: você é capaz de ouvir o chamado.</p><p class="MsoNormal"><span style="font-size:85%;">Ilustração: "The Main Driving Force", por <a href="http://fgummo.blogspot.com.br/">Fabiano Gummo</a>.</span><br /></p>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-60286706065410723642012-03-26T15:21:00.012-03:002012-03-26T17:08:39.832-03:00Bolor envernizado: Roger Waters em Porto Alegre<a href="http://farm8.staticflickr.com/7181/6805100154_81554e0173.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 500px; height: 375px;" src="http://farm8.staticflickr.com/7181/6805100154_81554e0173.jpg" alt="" border="0" /></a><br />Ontem estive no estádio Beira Rio para ver o tão esperado show de Roger Waters, o homem de frente do Pink Floyd durante tantos anos. Não tenho como dizer de outro modo: saí com uma péssima impressão daquilo tudo. Para falar bem a verdade, me senti enganado. A desorganização por parte dos produtores do espetáculo contribuiu para isso; porém, o mais grave foi o espetáculo em si - acabei descobrindo que eu realmente não admiro de Roger Waters.<br /><br />Vamos começar pelo mais simples: a produtora que trouxe o artista abandonou o público diante do estádio. Havia apenas um posto de informação, permanentemente desocupado e não vi ninguém da produção durante todo o tempo que passei na fila (das 17h às 19h20m). Não havia orientação das filas e o próprio público teve de se organizar para evitar os furões e dar informações aos passantes. Disso resultou um atraso de 40 minutos para que Waters entrasse no palco. No final, os produtores nem se deram o trabalho de abrir os portões de acesso à avenida para o público sair (mais uma vez foram os fãs que tiveram de arcar com o trabalho).<br /><br />Mas realmente pobre foi o espetáculo. Pobre de espírito, que fique claro, já que riqueza material era um dos maiores atrativos da noite. O show de Roger Waters é uma grande reunião dos mais requintados produtos da sociedade tecnocrata, usados para tentar tecer uma crítica contra ela. Não me venha com o velho argumento de "combater o sistema dentro do sistema" - não vou entrar no mérito se isso é valido ou não, o problema é que o discurso em si é tão fraco que só se sustenta <span style="font-style: italic;">por conta </span>dessa massa de playbacks, telões, projeções e pirotecnia.<br /><br />O truque de Roger Water para fazer a massa sair de lá satisfeita é tentar reconstruir a inocência da plateia, como se fossem crianças sem a altura e a força dos monstros gigantes e abstratos que dominam, pervertem e sujam este ancestral jardim das delícias no qual habitamos. Ver-se pequeno e frágil diante do espelho é ruim, mas tem a vantagem inquestionável de eximir a audiência de algo incômodo e pertubador: a responsabilidade.<br /><br /><a href="http://farm8.staticflickr.com/7065/6805089798_68b92967a9.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 500px; height: 375px;" src="http://farm8.staticflickr.com/7065/6805089798_68b92967a9.jpg" alt="" border="0" /></a><br />Nessa Disney On Ice em embalagem politicamente engajada, não poderia faltar a emoção barata e o moralismo. O show foi dedicado aos que sofreram com o terrorismo de estado, com direito a projeção de imagens de civis assassinados - não sei não, mas fazer espetáculo da dor alheia é algo que me constrange. Sim, não vamos esquecer que <span style="font-style: italic;">The Wall</span> está longe de ser um projeto filantrópico e é uma máquina de fazer dinheiro - este espetáculo está a serviço de alguém, e eu custo muito a acreditar que seja ao teu ou ao meu serviço.<br /><br />A essa altura, Roger Waters tem um desafio para completar seu discurso de maneira convincente: como lidar com adultos - seres tão igualmente capazes e responsáveis por esse mundo como os monstros gigantescos representados no show - de maneira a lhes fazer crer que são tão inocentes, menores e incapazes. A solução é simples: vender o sexo com algo perigoso e até mesmo sujo. A mulher sensual é representada como um passaporte para a perdição. Guarde seus instintos numa caixa e pratique o amor com disciplina, é o que está nas entrelinhas. Não é difícil de entender porque Waters nunca aprendeu a cantar direito ou a ser virtuoso em algum instrumento: não foi por falta de talento, e sim por medo de deixar fluir essa enorme libido que há dentro de si, e que seu ex-parceiro de banda, David Gilmour, sabe usar de maneira tão libertadora.<br /><br />Aliás, quando o David Gilmour vem pra cá?<br /><br /><span style="font-size:85%;">Fotos de <a href="http://www.flickr.com/photos/c32/">Carlos Varela</a>.</span>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-1251400018699932602012-03-22T21:20:00.007-03:002012-03-24T12:14:30.585-03:00O último post<a href="http://farm6.staticflickr.com/5043/5316083301_b11fa98837.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 500px; height: 348px;" src="http://farm6.staticflickr.com/5043/5316083301_b11fa98837.jpg" alt="" border="0" /></a><br />Tudo pode ser uma rua lateral ou um canteiro central quando todos os espaços estão ocupados e tudo se repete em cada um deles. Todos os caminhos são o caminho do meio e isso inviabiliza qualquer tentativa de procurar um caminho do meio - de onde você está, siga.<br /><br />Mas onde esse túnel vai dar? Depois que o ciclone envolveu a casa e elevou tudo, desde o chão até as telhas e o pátio, você ficou se perguntando onde tudo iria cair e se ainda seria possível juntar os cacos. É então hora de perceber que já não há mais elevar ou despencar, tudo é abismo e nós já perdemos muito tempo: é hora de sair surfando essas correntes de ar.<br /><br />Sei que esse não é o fim, apesar de parecer assim - isso bate forte aqui dentro. Acredite em mim, não estou tentando confundir você. O papo é reto, o caminho é torto. Não fosse a doença, tudo seria simples. Houve um tempo em que eu temia que a palavra disseminasse meu mal. Não há mais com o que se preocupar: se você chegou até aqui é porque já foi contaminado.<br /><br />O vento carrega uma voz hostil através dos tempos, alguém me diz virando o rosto. É nesse momento que alcanço a porta da casa e uma densa névoa começa a avançar até que não seja mais possível ver além de um palmo à frente dos olhos. Saímos caminhando uns atrás dos outros, não faz frio nem calor, o que incomoda é a claustrofobia da cegueira.<br /><br />Seguimos juntos num turbilhão de corpos que parecem atraídos por algum princípio magnético. Até hoje não consegui decidir se foram meus olhos que se acostumaram à neblina ou se o véu de nuvens realmente deu trégua, o certo é que vi se formaram diante de mim os contornos de uma aldeia. Tudo ainda era muito branco, mas percebi estar em meio à multidão que acompanhava um casamento.<br /><br />No altar, o oficiante traz alianças e decifro que aqueles corpos não estão vivos. Também os outros que me cercam têm o mesmo olhar congelado e o corpo abandonado a algum tipo de bruxaria amedrontadora e sobrenatural.<br /><br />Começo a abrir caminho de maneira trôpega na direção contrária, mas não sou notado por ninguém ou força transcendental alguma. A neblina se dissipou por completo do outro lado da aldeia. Ali a terra acaba sobre um tremendo paredão rochoso. Não é possível ver o que há lá embaixo. Começo a descer e a escalada vai aos poucos me ensinando a conversar com as pedras.<br /><br /><span style="font-size:85%;">Ilustração de <a href="http://www.flickr.com/photos/abasolo/">Mariana Abasolo</a></span>Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1007174715963381445.post-35267570807783608232012-03-18T20:02:00.006-03:002012-03-18T21:00:27.286-03:00O Gabinete está aberto!Por que fazer mais um blog? Depois de abandonar <a href="http://jornalismob.wordpress.com/"target="_blank">Jornalismo B</a>, <a href="http://pernasabertas.wordpress.com/"target="_blank">Pernas Abertas</a>, <a href="http://aprimeirapedra.wordpress.com/"target="_blank">A Primeira Pedra</a>, <a href="http://diariopontodoc.wordpress.com/"target="_blank">Diário.doc</a> e <a href="http://osestrangeiros.wordpress.com/"target="_blank">Os Estrangeiros</a> - mantive outros, mas não vou lembrar de todos agora - fiquei pensando se valeria mesmo a pena me esforçar para criar um espaço novo, tendo em vista que sempre abandono tudo o que começa a dar certo.<br /><br />No entanto, a ideia se manteve intacta enquanto o tempo passava. Comecei a ler tantos blogs nesse tempo e a gostar tanto do que lia que a vontade de ter meu própria espaço cresceu ainda mais. Quis fazer parte da turma.<br /><br />É por isso que hoje estou aqui, dando esse passo no escuro. Espero que a nova cria encontre dessa vez um pai mais atencioso e compreensivo. E você que está me lendo agora, sinta-se à vontade para dar seus pitacos, será um prazer recebê-los.<br /><br />A coisa aqui vai acabar girando em torno da literatura, não tenho dúvida; mas, sendo este um blog pessoal, talvez eu acabe explorando outras temáticas - embora isso seja pouco provável. Enfim, é hora de parar de conjecturar: o gabinete está aberto - <span style="font-style: italic;">seja bem vindo</span>!Alexandre Lucchesehttp://www.blogger.com/profile/14060956981869398181noreply@blogger.com0